Índice de gravidez na adolescência ainda é muito alto, com 400 mil casos por ano no país.
Diversos fatores contribuem para a gestação na adolescência, porém a desinformação sobre sexualidade, contracepção e direitos sexuais e reprodutivos é o principal motivo. "Questões econômicas, sociais, psicoemocionais também contribuem para tal fato, inclusive a falta de acesso ao sistema de saúde, que nos leva à falta de acesso ao planejamento familiar e ao uso correto de contraceptivos", alerta o médico Agnaldo Lopes, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
E os números confirmam os altos índices de gravidez na adolescência. De acordo com o Ministério da Saúde, são 400 mil novos casos ao ano no Brasil. Já a faixa etária, dados revelam que nasceram 28.244 filhos de meninas entre 10 e 14 anos e 534.364 crianças de mães com idade entre 15 e 19 anos (em pesquisa de 2014).
"A educação e a comunicação honesta, com linguagem adequada a cada faixa etária, são as principais e mais importantes ferramentas para que pais empoderem seus filhos", destaca Lopes.
Educação para prevenir
Ainda encarada como tabu, a educação sexual é uma ferramenta poderosa de prevenção não só de uma gravidez precoce, mas também de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e de proteção contra a violência sexual na infância. Dados apontam que, diferentemente do que a grande maioria imagina, programas de educação sexual não servem de incentivo para o sexo.
Um estudo publicado no periódico Jama Pediatrics revela que ações focadas em saúde sexual na adolescência resultam, no âmbito comportamental, no aumento da abstinência e estimulam o uso da camisinha(2). Foram analisados 29 estudos, que envolveram 11.918 adolescentes afrodescendentes norte-americanos com idade média de 12,5 anos. Os afrodescendentes foram foco da equipe porque são mais afetados pelo risco de gravidez indesejada e ISTs, nos EUA e em diversos outros países.
"Esses dados nos mostram que precisamos abordar sexualidade de forma natural com nossas crianças e adolescentes, e abandonar o mito de que educação sexual pode erotizar ou incentivar a iniciação sexual precoce. A educação e a comunicação honesta, com linguagem adequada a cada faixa etária, são as principais e mais importantes ferramentas para que pais empoderem seus filhos. É através do conhecimento que eles saberão o que querem ou não querem e comunicarão isso de forma eficiente. Desconhecimento e dúvidas geram vulnerabilidade, riscos e exposição emocional", explica Lopes.
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