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Foto do escritorRevista Bendita

Direito e psicologia no divórcio

Autora do Manual para Pais Separados, a advogada Paula Britto propõe instrumentos que unem direito e psicologia para condução do bom divórcio com filhos


O atual cenário do Direito de Família no Brasil tem exigido uma nova postura dos profissionais, sobretudo em processos delicados como o divórcio. Com o aumento significativo de separações — mais de 386 mil em 2024, segundo o IBGE — e a crescente percepção de que a simples aplicação da lei não está promovendo a paz esperada, surge a necessidade de um olhar mais afetivo e humanizado sobre os conflitos familiares. É nesse contexto que se destaca a atuação de Paula Britto, advogada de família que adota uma abordagem focada na individualização do atendimento das famílias em processo de separação.


"A advocacia vai muito além da mediação entre o cliente e a aplicação da lei, é fundamental compreender o ser humano por trás de cada processo e construir soluções que respeitem as emoções e a dinâmica única de cada família", afirma a advogada que é separada e filha de pais separados. "O cliente precisa ser visto em sua totalidade, não apenas como parte de um processo judicial. O foco não é apenas jurídico, mas também humano, considerando todas as variáveis que envolvem um divórcio, como sentimentos, relações interpessoais e tendo como centro o bem-estar dos filhos".


Esse enfoque afetivo é essencial para promover a confiança e a transparência entre advogado e cliente. A partir de um relacionamento baseado em empatia, respeito e franqueza, é possível ter maior clareza das necessidades e oferecer acordos personalizados que buscam minimizar o impacto emocional do divórcio e facilitar a convivência pós-separação. "É importantíssimo entender que os acordos podem e devem ser revistos ao longo do tempo, trazendo essa visão de relação viva para o ex-casal, inevitavelmente contínua, quando envolve a existência de filhos", defende.


"A criação de instrumentos, desenvolvidos em parceria com a psicóloga Juliana Martins, ajudam a mapear o perfil emocional e as necessidades específicas no processo de divórcio", revela. "Essas ferramentas pretendem direcionar os pais a um autoconhecimento no contexto da separação, levando a uma maior compreensão de fases inevitáveis, com a liberação da culpa e o fortalecimento dos filhos". A prática inovadora propõe que as famílias preencham questionários como a casa e a mochila compartilhada, o calendário de convivência e com orientações personalizadas, o convívio flua melhor, minimizando conflitos e trazendo segurança aos filhos.


A condução humanizada da advocacia é uma forma de promover não apenas a solução de conflitos, de forma mais eficiente, mas também vê-los como uma oportunidade de crescimento emocional dos envolvidos. "Em um momento em que o sistema judiciário busca alternativas para alcançar maior pacificação social, diminuir a judicialização de mais ações, aumento da competência e possibilidades no extrajudicial, a advocacia humanizada torna-se uma ferramenta essencial para promover acordos mais saudáveis e duradouros, valorizando o protagonismo dos envolvidos, o que chamo de possibilidade de um bom divórcio", completa.

 

Sobre Paula Britto - Paula Britto é advogada de família, graduada e pós-graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com especialização em Práticas Colaborativas pelo Instituto Brasileiro de Práticas Colaborativas (IBPC) e formação em Mediação de Conflitos pela Clínica de Psicoterapia e Instituto da Mediação (CLIP). Ela também é autora dos livros Manual da Separação – Guia Prático, Funcional e Acolhedor (2018), pela editora Sulina e Manual para Pais Separados - Guia Prático para Facilitar a Convivência (2022), pela Editora Albatroz, que abordam questões práticas e emocionais para ajudar pais a atravessarem o processo de separação de maneira mais leve e colaborativa. Criadora de instrumentos de atendimento personalizado e do calendário da família. Paula também é mãe de Francisco, uma experiência que agrega ainda mais sensibilidade e empatia ao seu trabalho, tornando sua abordagem profundamente pessoal e acolhedora.


(Texto: Tatiana Roesler / Foto: Divulgação)



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